Mulheres vítimas de violência terão vagas em universidades

O Projeto de Lei 2606/22 altera a Lei de Cotas para estabelecer reserva de vagas nas universidades federais e em institutos federais de ensino técnico para mulheres vítimas de crimes contra a dignidade sexual; de tentativas de feminicídio; e de crime que envolva violência doméstica ou familiar.

Pela proposta, em análise na Câmara dos Deputados, do percentual de 50% das vagas reservadas para estudantes que cursaram o ensino em escolas públicas, 5% serão destinadas para mulheres vítimas desses crimes.

“Com base no Censo da Educação Superior, que relata a existência de aproximadamente 350 mil vagas anuais para cursos de graduação em instituições federais, estaríamos garantindo, das 175 mil vagas anuais direcionadas para pessoas que cursaram o ensino em escolas públicas, aproximadamente 8.750 vagas de cursos de graduação em universidades federais para mulheres vítimas dos crimes, sem contar diversas outras vagas em cursos técnicos dos institutos federais”, estima a deputada Edna Henrique (Republicanos-PB), autora do projeto.

Segundo ela, a medida “visa a estimular a qualificação de milhares de mulheres vítimas de violência, para que possam conseguir melhores oportunidades profissionais, de modo a facilitar a superação dos dramas decorrentes dos crimes sofridos”.

Tramitação
A proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Defesa dos Direitos da Mulher; de Educação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Saiba por que Cristiano Ronaldo ainda guarda as cinzas do filho

Cristiano Ronaldo fala de uma dor insuportável com a morte do filho

Depois de evidenciar a tensa relação com o Manchester United, e a falta de tato do presidente do clube pelo luto do jogador, Cristiano Ronaldo abriu o coração sobre a perda do filho. Em abril, o craque seria pai de gêmeos, mas uma das crianças morreu.

“Foi o pior momento da minha vida desde a morte do meu pai. Quando vamos ter um filho, a gente acha que tudo vai correr bem, sem problemas. Gio (Georgina Rodríguez, a esposa) e eu passamos por momentos complicados, porque não entendíamos o porquê de ter acontecido conosco. Foi duro”, disse Cristiano Ronaldo ao tradicional programa de entrevistas de Piers Morgan, em trecho divulgado pelo apresentador nas redes sociais.

A entrevista na íntegra será exibida apenas na noite desta quarta-feira, 16, na TV britânica (ou às 17h no horário de Brasília). Mas em outros trechos do bate-papo obtidos pelo jornal “The Sun”, o português diz que guarda as cinzas do filho.

“Eu tento explicar às vezes a amigos próximos e a familiares: nunca pensei que estaria triste e feliz ao mesmo tempo. Não sei se choro ou rio. Porque é algo que não sabemos como reagir. Eu falo com meu filho o tempo todo e ele está ao meu lado”, disse o gajo, que guarda as cinzas do filho ao lado da urna do pai.

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CUIDADO: Fungo resistente a medicamentos matou 60% dos infectados

Reflexo da pandemia da Covid 19, fungo resistente pode levar à morte

André Julião/Agência Fapesp

Um grupo de pesquisadores brasileiros registrou o maior surto já causado por uma mesma cepa de Candida parapsilosis, fungo que invade a corrente sanguínea e pode levar à morte. O surgimento da linhagem, resistente ou tolerante a duas das principais classes de fármacos antifúngicos, ocorreu entre 2020 e 2021 em uma unidade de terapia intensiva (UTI) de Salvador, Bahia, durante um dos picos da pandemia de covid-19.

O estudo foi publicado na revista Emerging Microbes and Infections e alerta para o possível surgimento de novas linhagens resistentes no futuro, bem como para a necessidade de práticas que ajudem a evitar infecções fúngicas nos hospitais.

“Nesse estudo, 90% dos pacientes infectados por essa espécie de Candida tinham cepas resistentes ou tolerantes a fármacos representantes das duas principais classes de medicamentos antifúngicos utilizados para tratamento de candidíase invasiva, o fluconazol e as equinocandinas. Dentre esses pacientes, quase 60% foram a óbito”, relata Arnaldo Colombo, professor da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do estudo, apoiado pela Fapesp.

Foram isoladas 60 amostras de Candida parapsilosis de 57 pacientes internados em UTI com covid-19 grave. Análises genéticas mostraram que 51 (85%) dos isolados resistentes a fluconazol pertenciam a um mesmo cluster, ou seja, tinham o mesmo ancestral comum. Uma parte deles era ainda tolerante a equinocandinas, classe de medicamento usada contra isolados de Candida resistentes a fluconazol.

O termo resistência se refere à capacidade do microrganismo de se multiplicar mesmo na presença do medicamento administrado. Por sua vez, a tolerância ocorre quando o antimicrobiano atua reduzindo o crescimento do microrganismo, mas não consegue matar o patógeno.

“A circulação da cepa resistente, provavelmente, foi facilitada por meio de algum profissional de saúde, com a higienização precária das mãos, que acabou contaminando cateteres vasculares por onde são aplicados medicamentos e outras infusões diretamente na corrente sanguínea. Isso é resultado de uma UTI superlotada e muita demanda por atendimento”, explica João Nóbrega de Almeida Júnior, pesquisador do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP apoiado pela Fapesp e coautor do estudo.

Almeida Júnior realizou parte do trabalho com bolsa de pesquisa no exterior, realizada no Center for Discovery and Innovation do Hackensack Meridian Health, nos Estados Unidos.

Condições pandêmicas

A resistência e a tolerância provavelmente ocorreram em decorrência do uso indiscriminado de antifúngicos em pacientes de risco, com longo tempo de internação. A prática é comum em pacientes graves que permanecem instáveis.

“Uma vez que testes de detecção de microrganismos levam tempo, em situações emergenciais os médicos podem usar antibióticos e antifúngicos de forma empírica, ou seja, baseados nos agentes mais prováveis de infecção. A ideia é tratar eventual episódio de sepse [infecção generalizada] por diferentes microrganismos. A prática, porém, deve ser racionalizada, no sentido de evitar o desenvolvimento de resistência, toxicidade e custo adicional”, ressalva Colombo, que também é pesquisador e médico infectologista no Hospital São Paulo, ligado à Unifesp.

No Brasil, boa parte dos centros médicos não possui testes para avaliar a suscetibilidade dos fungos aos antifúngicos, tornando mais difícil o reconhecimento precoce de cepas resistentes. Isso pode ser um facilitador da disseminação no sistema de saúde. Da mesma forma, caso o agente não seja bem caracterizado antes do tratamento da infecção, o paciente pode ser tratado com medicamento ineficaz. Por isso, os pesquisadores ressaltam a importância de um diagnóstico preciso antes de administrar antifúngicos.

Para isso, é recomendada a realização de testes moleculares mais completos para a caracterização dos agentes resistentes. O estudo mostrou que mutações no gene ERG11, normalmente usadas como indicador de resistência ao grupo de antifúngicos em que se encontra o fluconazol, estavam presentes em apenas 35,8% das amostras.

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Conheça a origem e como surgiu a famosa palavra “encrenca”

Por Rainer Gonçalves Sousa

Quando nos metemos em algum tipo de infortúnio são várias as palavras utilizadas para expressar o nosso desespero ou infelicidade. Muitas vezes, o desejo de exteriorizar a infelicidade causada pela situação, nos leva a utilizar muitas palavras que nem imaginamos a sua origem e significado. Talvez esse seja o caso da palavra “encrenca”, que de tão corrente em nosso vocabulário cotidiano, acabou até mesmo se transformando em verbo.

Para recuperar a história desse termo, temos que nos deslocar para o Brasil na passagem dos séculos XIX e XX. Nesse período, os portos brasileiros receberam um grande numero de europeus que fugiam das conturbações causadas pelo fim do Antigo Regime e as crises econômicas do próprio sistema capitalista. Vale lembrar que vários imigrantes chegaram até aqui com a esperança de enriquecer trabalhando nas crescentes lavouras de café.

Nesse contexto de transformação e instabilidade, vemos que muitas famílias de judeus pobres da Europa ainda sofriam com as primeiras ondas antissemitas. Em alguns casos, essas famílias entregavam as suas filhas para agenciadores que lhes prometiam arranjar um bom casamento com um rico comerciante que prosperava em terras americanas. Tomados pelo desespero, muitos chefes de família acabavam deixando se levar por essas enganosas promessas.

Em muitos casos, já durante a viagem, essas jovens descobriam que estavam sendo contrabandeadas como escravas sexuais em diferentes cidades do continente americano. Chegando ao Brasil, essas prostitutas judias ficaram conhecidas como “polacas” e, mediante à sua recorrência, integraram a vida e o imaginário de vários bairros que compunham a vida noturna carioca e paulista.

Naturalmente, essas mulheres sofreram uma enorme discriminação por conta da posição marginalizada que ocupavam na sociedade da época. Tanto as autoridades oficiais, como as comunidades judaicas do Brasil reservavam um grande silêncio sobre a situação dessas mulheres. Contudo, essas prostitutas buscaram vínculos de solidariedade que pudessem lhes oferecer algum tipo de garantia.

Em muitos casos, essas prostitutas utilizavam o iídiche – língua bastante utilizada pelos judeus da Europa Central e Oriental – para darem recados entre si. Durante o seu trabalho, ao suspeitarem de que um cliente portava algum tipo de doença venérea, elas chamavam o sujeito de “ein krenke”. Na língua iídiche, o termo era comumente utilizado para definir a ideia de “doença”. Naturalmente, a popularização do termo acabou ficando abrasileirada para a nossa conhecida “encrenca”.