Descoberto plano para assassinar promotora e envolvido é preso

Polícia descobre plano para assassinar promotora e suspeito é detido

A Justiça  voltou a decretar a prisão do policial civil Jorge Camillo Luiz Alves, ex-chefe de investigação da 16ª DP (Barra da Tijuca – RJ) acusado de envolvimento com a milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio. Há um mês ele está em uma cela na Divisão Antissequestro, no Leblon, Zona Sul do Rio. Antes, o investigador estava em prisão domiciliar. Na decisão, a juíza Juliana Benevides, da 1ª Vara Criminal Especializada cita uma suspeita de que Camillo esteja envolvido em uma plano para matar a promotora Simone Sibílio e a delegada Adriana Belém, com quem o investigador trabalhava quando foi preso.

Em denúncia recebida pelo Ministério Público estadual, Camillo de ter se reunido com chefes das milícias de Rio das Pedras e da Muzema para planejar a morte de Adriana e Simone, que atuou no caso do policial ainda durante o inquérito. “O fato noticiado, além de extremamente grave, por envolver possível atentado à vida de uma Delegada de Polícia e de uma Promotora de Justiça, indica o descumprimento da prisão domiciliar fixada”, afirmou a juíza na decisão.

A magistrada afirma ainda que o monitoramento por tornozeleira eletrônica não seria suficiente no caso de Camillo e alega melhora no seu estado de saúde com a realização de uma cirurgia na coluna e tratamentos. O problema de saúde na coluna foi foi determinante para a substituição da prisão preventiva por domiciliar em maio de 2020.

No dia seguinte à decretação de sua prisão, no dia 7 de maio, Camillo se entregou na Delegacia de Homicídios da capital, na Barra da Tijuca, acompanhado de seu advogado. Na ocasião, ele prestou depoimento e negou ter planejado matar as duas autoridades. Além disso, alegou ter um bom relacionamento com Adriana. O policial afirmou não ter o costume de consumir bebidas alcóolicas, negou frequentar bares e também ter contato com milicianos. Ele também alegou que deixava sua casa, durante a prisão domiciliar, apenas para realizar fisioterapia e acupuntura neurológica.

A Justiça autorizou a manutenção de Camillo em uma cela na DAS provisoriamente porque o policial possui um neuroestimulador na coluna que é ativado por bluetooth. Segundo laudo médico apresentado à Justiça, o policial, que possui uma lesão neurológica definitiva, não pode ter contato com qualquer campo magnético como portas de banco e detectores de metais. A defesa de Camillo entrará com novo pedido de prisão domiciliar.

Nessa segunda-feira, a juíza Juliana Benevides determinou que a Secretaria de Administração Penitenciária do Rio informe se há possibilidade de Camillo permanecer no sistema prisional do Rio com o dispositivo em sua coluna. A magistrada também solicitou que a pasta esclareça se há possibilidade de ele fazer o tratamento adequado caso fique preso.

Após ter recebido a denúncia sobre o plano para matar as duas autoridades, a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do MP monitorou Camillo durante sete dias – entre 3 e 9 de fevereiro. Segundo relatório produzido, no período o policial deixou a sua casa apenas uma vez, na tarde do dia 4. Ele estava acompanhado da esposa.

Com a saída, segundo o MP, Camillo descumpriu a domiciliar. Entretanto, sua defesa afirma que o policial possui autorização para sair de casa e fazer o tratamento médico do qual necessita. Além disso, alega que na tarde do dia 4 ele tinha uma sessão de fisioterapia neurológica.

Advogado de Camillo, Daniel Dias afirma ser absurdo que seu cliente tenha sido preso com base em uma informação do Disque-Denúncia. Ele ainda alega que o estado de saúde do policial está pior do que quando a Justiça permitiu que ele permanecesse em prisão domiliciar.

– O estado de saúde dele hoje é pior do que antes da cirurgia e não melhor. Ele não possui condições de ficar preso – argumenta Dias.

Camillo foi preso em janeiro de 2020 na Operação Intocáveis II, sob acusação de envolvimento com a milícia de Rio das Pedras. O MP encontrou diversas conversas entre Camillo e um dos acusados de matar a vereadora Marielle Franco, Ronnie Lessa. No celular de Ronnie, o policial era identificado como amigo da 16.

Doze milhões de reais para calar a boca de vítima de assédio

Rogério Caboclo foi afastado da presidência da CBF após denúncia de assédio sexual

Antes da acusação formal de assédio sexual e moral feita pela funcionária da CBF contra Rogério Caboclo à entidade, a defesa do dirigente ofereceu um acordo de R$ 12 milhões para ela não divulgar as gravações e negar tudo, segundo o programa “Fantástico”, da TV Globo. A secretária, no entanto, recusou a proposta.

A funcionária foi orientada por advogados a gravar as conversas sempre que ficasse sozinha com o presidente. Pouco antes de o caso se tornar público, em abril, ela entrou de licença médica e estava afastada do cargo. O “Fantástico” mostrou os áudios gravados por ela e confirmou a veracidade com um perito.

Constantemente, Caboclo chamava a funcionária e iniciava conversas de cunho pessoal e sexual com ela, além de expô-la na frente de outros dirigentes.

Constrangida, ela chegou a chamar alguns diretores da CBF para acudi-la enquanto estava na sala do presidente. Numa das passagens, ele oferece uma taça de vinho a ela, que recusa. Logo depois, pergunta: “Você se masturba?”

Situações como essas eram frequentes, segundo a funcionária. Na denúncia que fez ao Comitê de Ética da CBF, ela detalha diversas situações constrangedoras a que foi submetida pelo dirigente. O presidente da entidade a insultava e a humilhava na frente de outros diretores.

Em nota da defesa ao “Fantástico”, Caboclo nega que tenha cometido assédio, mas admite que houve brincadeiras inadequadas.

Na sexta-feira, a funcionária entregou um documento de 12 páginas usado como base pela Comissão de Ética da CBF no afastamento temporário de Rogério Caboclo da presidência da entidade. Também houve pressão dos patrocinadores.

No documento, ela pede que Caboclo seja investigado e posteriormente punido pela legislação brasileira e que ela retome as suas funções como secretária da entidade, no Rio.