Governo não deixa usuarios do Whatsapp transferirem dinheiro por mensagem

Transações financeiras deveria iniciar ainda este ano

BRASÍLIA (Reuters) – Permitir que milhões de usuários do WhatsApp enviem dinheiro tão facilmente quanto mensagens de texto parecia uma oportunidade de ouro no Brasil para o Facebook, dono do aplicativo e maior empresa de mídias sociais do mundo. O Facebook estava finalmente entrando na lucrativa arena de serviços financeiros com um serviço de pagamentos na maior economia da América Latina.

O lançamento em junho, planejado há anos, deveria ser o piloto de uma possível iniciativa global. Mas oito dias após a operação ter começado, o Banco Central a tirou da tomada.

O WhatsApp afirmou que usou sistemas de pagamentos existentes da Visa e da Mastercard, que são reguladas no Brasil. No entanto, o presidente do BC, Campos Neto, pontuou que um serviço de transferência de dinheiro via cartões fornecido por uma grande empresa de tecnologia nunca existiu no Brasil, e que o BC ainda não havia decidido se o WhatsApp precisava de uma licença. “Vale lembrar que big tech não está em pagamentos em grande parte do mundo”, disse ele à Reuters em 8 de julho. “Então a gente ainda está numa fase de adaptação regulatória em relação ao que vai vir.”

Não é a primeira vez que o Facebook parece ter interpretado mal os meandros da regulação enquanto busca entrar no mundo financeiro, riquíssimo em dados. Há um ano, a empresa divulgou planos para a criptomoeda Libra, mas foi confrontada com a contundente reação dos bancos centrais. No caso do Brasil, a oportunidade é grande, com um mercado de pagamentos via cartões crescente que registrou 1,8 trilhão de reais em transações no ano passado.

Nos estágios iniciais de seu serviço, o WhatsApp também buscou fazer uso de uma regulamentação de pagamentos que permitia às empresas iniciar serviços sem licença até atingirem 500 milhões de reais ou 25 milhões de transações em um período de 12 meses, segundo fonte próxima à companhia. Isso, novamente, estava dentro das regras.

No entanto, o dispositivo, segundo Campos Neto, foi construído para incentivar pequenas empresas a entrar no mercado, em oposição a uma grande companhia de tecnologia como o WhatsApp, com 120 milhões de usuários brasileiros.

WhatsApp já disse que está aberto a integrar seu serviço ao Pix, o que pode ser uma maneira de ajudar a quebrar o impasse, mas mantém seus planos de lançar os serviços com Visa e Mastercard. Entretanto, o futuro permanece incerto.

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