Briga entre vizinhos aumenta por causa de lives e uso da área de lazer

Briga de vizinho aumentou cerca de 25% durante quarentena

“Eu sou contadora e tenho trabalhado em home office desde o início da quarentena. Não aguento mais barulho durante o dia. É obra no apartamento de cima, som alto no de baixo, criança chorando no do lado… Acaba atrapalhando, não tem horário. Até as lives atrapalham. Tem vizinho que às 23h está com o som nas alturas em pleno dia de semana”, lamenta Renata Santos, de 35 anos, que mora com o filho, Davi, de 11, no Catete, na Zona Sul do Rio.

O isolamento social, recomendado para frear o avanço do novo coronavírus, tem transformado muitos condomínios em potenciais e verdadeiras zonas de conflito. Com pessoas passando mais tempo em casa, discussões entre vizinhos aumentaram cerca de 25% no último mês, de acordo com o Secovi Rio, sindicato que representa mais de 29 mil condomínios e imobiliárias do estado. Entre os principais motivos dos conflitos estão o barulho, a insistência em usar as áreas de lazer e os itens deixados no corredor.

Vice-presidente administrativo e financeiro do Secovi Rio, Ronaldo Coelho Neto afirma que a melhor solução para evitar as brigas é sempre o bom senso. Segundo ele, o esquema de home office adotado por algumas empresas faz com que algumas pessoas, que antes passavam mais tempo na rua, fiquem em casa e, assim, ouçam barulhos durante o dia que antes não ouvia:

“Houve um aumento perceptível no número de moradores buscando administradoras e pedindo aconselhamento, principalmente em relação ao barulho excessivo. O que nós incentivamos é o bom senso e a boa intermediação de síndicos. Há quem queira usar a quadra poliesportiva do condomínio porque o clube está fechado. Eles sabem que a regra externa deve ser obedecida, mas lá no condomínio querem burlar e criar a própria regra”, observou.

Numa madrugada, neste mês, uma moradora do Condomínio Residencial Dez Zona Norte, em Irajá, conta que presenciou a briga de dois vizinhos por causa do som alto até as 5h durante a transmissão de um show pela internet.

Esse aumento de conflitos e brigas é natural, já que se trata de uma situação atípica, com famílias inteiras reclusas em casa. O síndico Pedro Barros, por exemplo, está à frente do Condomínio Joia da Barra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, com cinco blocos e 400 apartamentos. Lá, ele busca estimular o espírito de coletividade.

“Para que não haja embate pessoal, o que pode levar a uma tensão mais desagradável, o síndico deve fazer o papel de mediador neste momento. Hoje, posso afirmar que o principal fator de estresse é o barulho. Os síndicos estão tendo um momento de muito trabalho”, garante.

Nas redes sociais, há quem relate já ter flagrado morador seminu no corredor para não entrar com a roupa suja em casa, por medo de contaminar os parentes. Nesses casos, quem se sente ofendido deixa bilhetes e ameaça filmar e expor o “condômino exibido”.

 

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