Paternidade tardia e as chances de filhos com problemas genéticos

Não há como detectar algumas doenças. Assim, quanto antes a gestação ocorrer, melhor

Quanto maior a idade da mulher ou do homem, maior o risco de o bebê apresentar problemas genéticos. O médico Rui Ferriani, professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, também chefe do setor de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto destaca que “uma mulher, por exemplo, aos 42 anos, tem uma em cada 80 gestações com risco de um filho com síndrome de Down.

No homem, essa relação não é tão marcante, mas hoje já se observa duas coisas: uma, piores resultados na fertilização in vitro com homens com idade mais avançada após os 40/45 anos; segundo, algumas doenças, que não são cromossômicas iguais às da mãe, mas algumas delas, principalmente com distúrbios bipolares e autismo, costumam ser mais frequentes em homens com idade mais avançada. Esse é um fato relativamente novo que tem gerado uma maior atenção e aconselhamento”.

O doutor Ferriani destaca que hoje o limite para doação de sêmen, que antes era de 50 anos, passou para 45. Não existem tratamentos preventivos que possam melhorar a qualidade dessa reprodução assistida. Não há muito como detectar geneticamente essas doenças. Por esse motivo, quanto antes a gestação ocorrer, melhor. Alguns cuidados, como evitar a obesidade, ter uma alimentação saudável, não fumar e fazer atividade física ajuda bastante. Ser pai em uma fase mais avançada da vida traz muitas reflexões que podem ser sanadas por um profissional especializado.

Mary Elly Negrão, psicóloga responsável pela avaliação e seguimento dos pacientes em tratamento de reprodução humana nos ambulatórios de Esterilidade e Fertilidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, explica que, “de uma forma geral, as mulheres têm noção das anomalias cromossômicas associadas ao envelhecimento, no entanto, raramente eu atendo um homem que tem algum conhecimento sobre os efeitos da idade na quantidade e qualidade dos espermatozoides”.

Nos últimos anos, alguns pesquisadores têm publicado artigos mostrando que a paternidade tardia pode aumentar os riscos de um filho com esquizofrenia, autismo, transtorno bipolar,  déficit de atenção e hiperatividade.

Para garantir que o paciente ou casal não tenha dúvidas sobre sua decisão, Mary Elly realiza uma bateria de perguntas para incentivar reflexões que possam ajudar em sua resolução, independentemente da idade. “A decisão de ter um filho costuma estar pautada não somente no desejo de querer ter um filho, mas também nas circunstâncias do momento em que estão vivendo, como condições de saúde física e mental, de moradia, renda financeira, a disponibilidade de tempo para exercer a função de educar e prover afeto, a rede de apoio presente nos desafios envolvidos nessa criação do filho, como trocar fraldas, brincar, sentar para ajudar nas tarefas escolares.”

A psicóloga destaca que, “ainda que sejam realizadas várias reflexões, não se pode afirmar como será de fato a vivência na prática dessa paternidade tardia, nem como será a saúde desse filho e o relacionamento entre eles ao longo da vida”.

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